pássaros de inverno
de Genoveva Serra Caselles
Tinha uma vez uma
menina, ao mesmo tempo doce,
ruiva por fora e
muito escura por dentro.
Era má, muito má.
Sempre golpeava,
sempre mordia,
dava patadas e arranhava.
E eu lhe disse, um dia por fim:
¿Porquê fazes isso, mo dize a mim?
E ela contestou:
Porque ninguém me faz caso,
porque ninguém me quer,
nem está a meu lado.
E eu lhe contestei:
Já não chores, já não golpeies,
eu estarei aqui e um beijo dar-te-ei,
para que te durmas sem lágrimas,
e todo o amor de minha alma
entregar-te-ei.
Genoveva Serra Caselles, 2014
Posso ser tão terna como o pão
e tão doce como o mel.
Posso levar saia, soltar-me o cabelo,
rir e saltar, cantar ou chorar.
Posso ser guapa ou talvez feia,
irónica, sorrinda, rebelde
e enredada a teu pescoço susurrar.
E também posso ser coqueta, pecosa,
com chispa e um toque de água de mar
que ao o cheirar signifique amar.
Mas o que nunca ver-me-ás a fazer
é chorar se um dia vejo-te marchar.
Tenho vendido uma palavra,
era feia, molestava-me.
Se dize-la ante mim, o lamento,
faz-me dano.
Se pronuncio-a ante tí, fere-te, dói-te.
Não quero a ouvir, não a pronuncies mais. Pois é triste e encerra orgulho, pena e solidão. Aparta-a de tí, roga que não volte a mim e que cedo a esqueçamos, juntos no tempo.
Ah, não o disse,
essa palavra é … Vai-te.
Olho as folhas das árvores,
elas sabem que não têm de cair.
Movem-se de um lado a outro sem cessar,
aferradas a os raminhos.
O tempo de desprender-se já passou.
Chegou a primavera e chegará o verão.
É o momento do movimento,
de jogar com o vento.
Balançam-se como nos columpios
e ensinam em dois caras as cores.
Os raios do Sol deixam ver os pratas e verdes,
alguns vermelhos e rosados.
Escondendo-se e assomando-se,
com jogos que só elas sabem interpretar.
Eu quero me mover como as folhas com o vento,
deixar que os raios cheguem a meu
e me dêem todas as cores.
Eu quero saber quando devo ou não me desprender
dos raminhos,
brilhar, dançar e rir num movimento sem fim.
Se a lua olha-te
e faze-la tua amiga, acende tua vida e alumia-te.
Se pedes-lhe ajuda guia-te e dá-te alegria,
quando um dia lhe sorris
calada te avisa
e temperada se volta seu riso.
Se a lua olha-te
bonita ficas e abençoada,
se toca-la, ela te acaricia,
se te guiar quer,
a teus braços chega encantadora.
A lua se volta para ti,
então a brisa é doce, o acordar alegre,
a ternura e o carinho são eternos.
Se tu fechar os olhos, isso te levará ao céu
e revele o universo para ti.
Assista esta noite e espere,
talvez ...
Se a lua olha-te.
Volta a fome e afasta-se o sal de águas não cristalinas.
A alegria brota entre todas as flores encerrada em muitos jarrones.
Nas fontes primaverales se acurrucan as libélulas, borboletas...
satisfazem seu sejam, e eu com elas, entremezclo a doçura
satisfeita e todos os encantos convertidos em cores.
Brindo por todos aqueles que não estão e que nunca,
nunca me lastimarán, os invejosos, os cretinos,
os miseráveis de coração e pelos que tive tanto que chorar.
Uma porta pois abre-se com sílfides de suaves pecas,
pirilampos vespertinos e fadas em águas de cristal.
¡¡¡Boas-vindas!!!
¿Que compraria para me fazer feliz?
Vejo muitas coisas, há muitas coisas... Mas não tenho dinheiro.
Que bonitas são e daí ¿farei? Estou triste, não podê-las-ei comprar.
Afastava-me pelas ruas e via luzes e luzes. E eu …
Até que após um ratito pensei: ¡Já está!
Dizer-lhe-ei a uma formiguinha que conheço que me faça cócegas e assim sorrirei.
Meu coração estará alegre e poderei seguir mais ligeira de desejos e esperanças.
Mas eles não ir-se-ão, ficarão à espera e então suavemente sorrindo e desfrutando,
tudo será doce e aparecerão as coisas boas e cantarei.
O Universo dirá: -Sim, tudo é para ti, podes o atingir e eu direi …
-Não, agora não. Já posso, sim, mas sou feliz com umas cócegas em meu nariz,
com uma formiguinha em meu jardim e com mil sonhos que me esperam.
-Que sim, que sim, e a música de um violino.
Ontem à noite sonhei que voltavas.
Quando acordei senti uma profunda tristeza
e lhe pedi ao sonho voltar.
Que me levasse consigo de novo
para te rever e te apertar
e te abraçar e te fazer mio outra vez.
Ontem à noite sonhei que voltavas
e que na cada rincão de minha pele
sentia tuas caricias em minha ser.
Esperanzada fechei os olhos
e alonguei meus braços para encontrar-te,
para que não te fosses nunca e não te voltar a perder.
Sonhei que te chamava,
te procurava e te amava.
Sonhei que te sentia falta, gemia
e suspirava e que em teu amor ficava.
Sonhei, sonhei, sonhei ...